Destino ou Divino, Nº 11588

Destino ou Divino

Dessa história

Eis o cenário

Um velho rico avarento

Um bom menino carente

Ali destino ou Divino

De olho na vida da gente  

Gritava alegre o pobre menino

Olha a bala só um real

O velho com um soberbo sorriso

Fazendo o maior carnaval

Da carteira bem recheada

Tirou uma nota amassada

Aqui seu moleque bobo

Eu quero dois sacos de bala

E pode ficar com o troco

Desceu do trem dando risada

Moral e fim da história

No domingo quanta farra

Num barraco da favela

Contra filé e alcatra 

Pelos pacotes de bala

Pro menino lá no trem

O velho equivocado

Deu uma nota de cem.//

Música 11.588, R.Bozza.

Nada mudou, Nº 3830

Nada mudou

Ontem traído vendido

Por trinta dinheiros

Há dois mil anos atrás

Minha mãe era santa

Meu pai carpinteiro

Eles cruéis animais

Tanto tempo passou

Quase nada mudou

São os mesmos iguais

Nos templos malditos

Sou oferecido
Por imundos reais

Muitos sem fé me adoram

Pra eles sou ouro

Pregado na cruz

Poucos bem poucos se importam

Com o meu tesouro

Meu céu minha luz

Ao meu pai eu jurei

Pro mal e pro bem

Um dia voltarei

Meu nome é Jesus.//

Música 3830, R.Bozza.

Liberdade, Nº 11589

Liberdade

O velho poeta

Mandou aviso

Para os amigos

 Fiéis companheiros de bar

Está chegando a hora

De com eles comemorar

Preparem o boi pra brasa

A cerveja bem gelada

Pra matar toda saudade

Ressuscitou a esperança

Já fez troca de aliança

Assinou a liberdade

Cartão vermelho pra Ana

Amarelo pra tristeza

Ele pra cá elas pra lá

Vai ser no fim de semana

Com certeza nessa sexta

Para seresta vai voltar.//

Música 11.589, R.Bozza.

Bom demais, Nº 11587

Bom demais

Sabiá

Voou pra mangueira

Pulou pra jaqueira

Parou na amendoeira

Ah que vida boa

Desse pássaro cantor

Pelo céu à toa

E o dia acabou

Sabiá

Voltou pra mangueira

Saltou pra figueira

Pousou na laranjeira

Sempre numa boa

A trinar de fruto em flor

Por aí à toa

Veio a noite descansou

Sabiá

Se soubesse rezar

Agradecia num louvor

A Deus do céu Nosso Senhor.//

Música 11.587, R.Bozza.

E daí, Nº 11586

E daí

Ele é cria da favela

E daí

Realmente gosto dele

Qual vinho embriagador

Deixa falar quem quiser

O meu peito está aberto

Para ser meu namorado

Meu xodó meu bem me quer

Ninguém bota um freio nele

E daí

Loucamente adoro ele

Com seu jeito sedutor 

Deixa falar quem quiser

Minha casa está aberta

Para ser o dono

É bem vindo se vier

Ele tem mais de cinqüenta

E daí

Morro de paixão por ele

E ergo a taça ao amor 

Deixa falar quem quiser

Tenho as pernas bem abertas

Para ser o meu homem

E eu sua mulher.//

Música 11.586, R.Bozza.

Um velho ditado, Nº 11585

Um velho ditado

Nós dois parecia infinito

Alguma coisa mudou

Dentro e fora da gente

Toda ilusão perdida

Em tsunamis de dor

Era do mal a semente

É certo o velho ditado

Que a vovó me ensinou

Nunca e sempre são palavras

Que não existem pro amor

Entre pragas e tapas

Ela foi embora

Jurando não mais voltar

Pro meu peito apaixonado

O que resta agora

Quem sabe ela perdoar

Crendo no velho ditado

Meu sonho não esfumaçou

Nunca e sempre são palavras

Que não existem pro amor.//

Música 11585, R.Bozza.

Tolo e louco, Nº 11584

Tolo e louco

Depois que separei da Ela

Voltei pra vida de solteiro

Devolvi meu coração

Para o colo das donzelas

Pros braços dos companheiros

Para as garras da paixão

No mormaço da seresta

No incendiar do brega

Rala coxa a noite inteira

O boi queimando na brasa

Cerveja em balde de gelo

Sem pressa pra saideira

Eta vida boa

Violão e batucada

Serenata ao luar

Não tenho patroa

Na pele da madrugada

Sem ter hora pra chegar 

Tudo que é bom dura pouco

Diz o ditado popular

Esse poeta de tolo

De novo foi se amarrar

Louco não como não bebo

Corpo e alma a definhar

Sem dó sufocado

Tão só apertado

Num nó de agonia

Agora casado

De papel passado

Com a anorexia.//

Música 11.584, R.Bozza.

Sonia, Nº 3833

Sonia

Sonia sonha sonha Sonia

Por ser tão jovem ainda

Quem sabe cupido

Está te ouvindo

Sonha Sonia Sonia sonha

No alvorecer dessa vida

Sonia sonha

Brincando com o negro da trança

Sonha Sônia

Ligeiro não é mais criança

Sente o vento

E o tempo

Em tua volta a rodar

Vai com o vento

Pois é tempo

De pro amor se entregar

Seu sonho se realizou

Só que era falso o amor

Paixão mais inferno que céu

A ilusão desmoronou

Um pote cheinho de dor

Pra cada uma gota de mel.//

Música 3833, R.Bozza.

No brega, Nº 3845

No brega

Foi na seresta

Início de baile brega

A madrugada nascia

Na minha mesa

Um refri uma cerveja

Assim conheci Rosinha

Beijo abraço ardendo em fogo

Rala coxa a noite inteira

Tudo que é bom dura pouco

Pouca miséria é besteira

Pra atrapalhar o meu jogo

Entrou na trama um terceiro

Foi na seresta

Finzinho de baile brega

A madrugada morria

Na minha mesa

Um refri doze cervejas

Assim eu perdi Rosinha.//

Música 3845, R.Bozza.

Réquiem, Nº 3848

Réquiem pro amor

De tanto que olhei pra ela

De tanto que gostei dela

No limiar dos sessenta

Ela ainda hesitante

Perto porém distante

Da intrepidez dos vinte

Um dia olhou para mim

Meu coração tão carente

Ali naquele instante

Sonhou alegrias sem fim

Na doce ilusão desse olhar

O que não deveria sonhar

De repente

O acaso ou destino intervém

Ela passa

De braço dado com outro alguém  

Sorridente alegre feliz

Hoje de tanta louca paixão

Só resta essa triste canção

Um réquiem pro amor que eu fiz.//

Música 3848, R.Bozza.

Malandro que sou, Nº 3851

Malandro que sou

Assim que ela chegou

De um jeito manso olhou

Com olhos tão santos

Com tanta inocência no olhar

Malandro que sou

Nas coisas do amor

Cheio de pudor

Fui eu com a moça falar

Depois do segundo copo

Modificando seus modos

Olhou com olhos profanos

Com tanta indecência no olhar

Malando que sou

Nas coisas do amor

Sem nenhum pudor

As coxas nós fomos ralar

Depois

De várias cervejas porém

Olhou

De banda pra outro alguém

Pulou

Pra mesa do canto do bar

E foi

Com essa pessoa dançar

Malandro que sou

Nas coisas do amor

Sentindo perigo no ar

O garçom chamei

A conta paguei

E fui beber noutro lugar.//

Música 3851, R.Bozza.

Quando você voltar, Nº 3857

Quando você voltar

Quando você voltar

Pra nossa casa querida

Vai encontrar sua vida

Igualzinha como deixou

A gatinha

Na soleira esperando

Por seu colo

Seu carinho seu calor

À sua volta

Os amigos dedicados

Ansiosos pra lhe ver

A filha amada

Um marido apaixonado

Que não vive sem você

Um turbilhão de saudade

De total felicidade

Nesse dia glorioso tão feliz

Essa canção que ao violão

Meu grande amor minha paixão

Com o pensamento só em você eu fiz.//

Música 3857, R.Bozza.

Pagar pra ver, 3865

Pagar pra ver

Ela passou pra lá

Olhou com doce feitiço

Ela voltou pra cá

Com o mesmo mel no sorriso

Parou sem vacilar

Fiquei de amor perdido

Ela falou

De sonhos e planos

Eu me calei

Com medo de enganos

Ignorou

O abismo de anos

Eu alertei

Pra perdas e danos

Bem que tentei fugir

Bem que tentei correr

Bem que tentei lutar

Porém não consegui

E vou pagar pra ver

Pra ver no que vai dar.//

Música 3865, R.Bozza.

Esforço, Nº 3873

Esforço

Moça do corpo inocente

Do mel nos sedosos cabelos

Estou fazendo esforço

Pra não esquecer que sou velho

Moça do corpo indecente

Sorrindo milhões de estrelas

Estou fazendo esforço

Para não quebrar o espelho

Pra não sufocar sua boca

Num beijo astuto roubado

Um beijo bem doce melado

Um beijo de língua molhado

Moça

Que traz pureza no olhar

Moça

Que tem malícia no andar

Preocupado com a vida

E apavorado com a dor

Estou fazendo esforço

Pra não lhe falar de amor.//

Música 3873, R.Bozza.

Como eu queria, 3896

Como eu queria

Ele diz que me ama

Ele diz que me quer

Dentro e fora da cama

Pra ser sua mulher

Se pudesse amava

Dava meu coração

Dava o corpo a alma

Com o mel da paixão

Acontece o amor

Não se encontra em poste

É um bichinho danado

Com jeitinho de flor

Que não nasce no bosque

Que não cresce no mato

Essa nobre semente

De estrutura tão rara

Essa linda ilusão

Da no peito da gente

Pro bom senso se cala

Não escuta a razão

Como eu queria gostar

De novo ter fé e amar

Bem que queria porém

Todo amor que eu tinha

Para quem não merecia

Um dia de tola eu dei.//

Música 3896, R.Bozza.

Vendaval, Nº 3903

Vendaval

Você foi

Um vendaval querida

Que abriu

No peito uma ferida

Que passou

E me deixou

Assim tão só

De dar dó

Você foi

Uma perigosa hera

O meu fim

Falsa ilusão

Destrancou

Telhas portas e janelas

Do jardim

Do meu coração

Despetalou

Sem um motivo

Todas as rosas

E só deixou

Entre espinhos

Mil secas folhas

Nas roseiras coloridas

Outrora abertas em flor

Por maldade ou vaidade

Você foi um vendaval querida

Que arruinou sem piedade

Minha vida tão sofrida.//

Música 3903, R.Bozza.

Fogueira, Nº 3914

Fogueira

Quantas cartas seus retratos

Um de corpo inteiro nu

Fui buscar em meus guardados

Lá no fundo do baú

Nossa canção

De versos nobres ricas rimas

Que só pra você eu fiz

Uma ilusão

Cheia de bordões e primas

Daquele tempo feliz

Com todos

Esses antigos achados

Chorando

Acendi uma fogueira

Enquanto

O frágil mundo queimava

Meu pranto

Inundava o travesseiro

Agora

É hora

De enterrar o passado

Pra não sofrer a vida inteira.//

Música 3914, R.Bozza.