Crime dobrado, Nº 1772

Crime dobrado

Nas noites de Santo Antônio

São Pedro e São João

Eu desenhava seu rosto

Junto ao meu na ilusão

De poucas folhas de papel fino

E acendia pro céu

O meu sonho de menino

Ia com o vento ao léu

Nas noites de Santo Antônio

São Pedro e São João

Ainda desenho seu rosto

Junto ao meu na ilusão

De poucas folhas de papel fino

Por já não ser mais um menino

Por ser de outro seu coração

Cometo crime e pecado

Quero uma mulher casada

E ainda solto balão.//

Música 1772, R.Bozza.

Olha a mocidade aí, Nº 1788

Olha a mocidade aí

Olha a mocidade aí

Levantando poeira na avenida

O meu peito arrebentando de emoção

Olha a mocidade aí

Dando vida à própria vida

Batendo de frente com a desilusão

Escola de bamba que faz o povão delirar

Seja velho seja moço

É criança é preto é branco

Caindo no samba até quem não sabe sambar

Olha a mocidade aí

Um santo remédio para o coração

É a porta de entrada

Pro sonho pra ilusão

É a porta de saída

Do amargor da solidão.//

Música 1788, R.Bozza.

E agora, Nº 1781

E agora

Tá chorando o cavaquinho

As rosas na roseira

O pandeiro o violão

No meu peito sem carinho

Durante a noite inteira

Soluçou meu coração

Da primeira vez

Magoada ela perdoou

Da segunda vez

 Coitada nem chorou

Da terceira vez

Cansada ela me deixou

A cama o travesseiro

A casa toda chora

Em um só desespero

Porque ela foi embora

Dessa vida sem seus beijos

O que faço agora.//

Música 1781, R.Bozza.

Quem sabe amanhã, Nº 1940

Quem Sabe Amanhã

Madrugada de briga forte

De briga feia

Ela feito louca

E eu como um tolo

Caindo na sua teia

Brigando igual criança

Farpa pra todo lado

Só resta a esperança

Que essa noite de insônia

Mostre o que anda errado

Quem sabe amanhã de manhã

A gente acorda

Em alto astral

Pesando os prós e contras

Vendo que esse adeus

É nosso mal

Quem sabe amanhã de manhã

Toda esta insensatez

Acaba de uma vez

Se ouve o coração

Pede dá perdão

E tudo volta ao normal.//

Música, 1940, R.Bozza.

Desgraça, Nº 1798

Desgraça

Por seu amor

Nessa vida fiz de tudo

Briguei com a paz

Deixei meu lar

Neguei a Deus

Troquei de mal com o mundo

Por seu amor

Traí segredos

Venci os medos

De arriscar caminho torto

Por seu amor

Perdi até

Meu brio de mulher

Sem dó de mim vendi o corpo

Aqui se faz aqui se paga

Paguei com a dor

De peito e alma

Ele me trocou

Pelos erros meus

Não tenho mais um lar

Perdi pra sempre a paz

Perdi de vez meu deus.//

Música 1798, R.Bozza.

Amor ou dinheiro, Nº 1802

Amor ou dinheiro

Eu fiz prece a São João

Meu querido padroeiro

Que me desse proteção

Muito amor muito dinheiro

Respondeu que proteção

Sempre deu desde menino

Que Antônio tinha amor

Que só Pedro é santo rico

Que escolhesse um dos dois

E fizesse meu pedido

Fiquei dividido

Pedro ou Antônio

Dinheiro ou amor

Eu fiz meu pedido

Rezei pro primeiro

Ele me escutou

Hoje sou podre de rico

De muitas terras senhor

De que vale tudo isso

Se eu não tenho um amor.//

Música 1802, R.Bozza.

Mel e fel, Nº 1810

Mel e fel

Ela é suave como a flor

Ela é tão doce feito o mel

Mas como toda mulher

Quando ela quer

Sabe ser espinho a dor

Sabe ser desamor o fel

Depende do dia da hora

Depende da situação

O sexo frágil é um perigo

Por isso cuidado irmão

Chova o que chover

Haja o que houver

Nunca pise ou maltrate

O coração de uma mulher.//

Música 1810, R.Bozza.

Por causa dela, Nº 1811

Por causa dela

Por causa de Gabriela

Troco a noite pelo dia

Novamente sou poeta

Eu voltei pra boemia

Hoje sofro de insônia

Eu só durmo com a titonia

Seresteiro trovador

A culpa é de Gabriela

Morro de amor por ela

Que por outro me trocou

Assim de canção em canção

De ilusão em ilusão

Vou buscando pelo amor

Assim de canção em canção

Vou enfeitando a solidão

Vou enganando a minha dor.//

Música 1811, R.Bozza.

Adeus à fantasia, Nº 1821

Adeus à fantasia

Há pouco tempo atrás

Ela deitava ao meu lado

Pra dormir ouvindo histórias

Que não esqueço jamais

Com a Dona Bruxa e os amigos

Sem nunca ter um final

Ia ao espaço infinito

Para enfrentar os perigos

De dragões e um bruxo mau

Tempo guerreiro imponente

Cruel não anda pra trás

Levou meu pinguinho de gente

Que pra esse velho já não liga mais

É hora de adeus Dona Bruxa

É a história que chega ao final

Adeus pra turma de amigos

Adeus dragões bruxo mau.//

Música 1821, R.Bozza.

O cão e o gato, Nº 1823

O cão e o gato

Bem errada

Nossa vida é igual

Cão e gato

Dividida bem e mal

De ataque pra tudo que é lado

Xingamento com palavrão

É tanta farpa Chegando a tapa

Unhada mordida arranhão

Assim levamos o nosso drama

Onde ninguém fala em separação

Brigas dentro e fora da cama

Um caso que não tem mais solução

Bem errada

Nossa vida é igual

Cão e gato

Dividida bem e mal.//

Música 1823, R.Bozza.

Dê outra chance, Nº 1830

Dê outra chance

Querida

Se seu peito de menina

Se o seu corpo de mulher

Por mim já não tiver amor

Diga com todas as letras

Diga com todos os ais

Mande que eu vou embora na hora

Juro que não lhe procuro mais

Porém se ainda tem

Nesse coração criança

Uma gota de esperança

Perdoe por favor dê outra chance

Perdoe

Se algum mal eu lhe fiz

Esquece

Quem sabe ainda há tempo

Da gente

Novamente ser feliz.//

Música 1830, R.Bozza.

Destino de um só, Nº 1836

Destino de um só

Perambulava por aí

Tão tristonho tão só

No meu peito ao invés de flores

Alguém plantou jiló

De repente

Ele aparece ferido

Desiludido

O peito cheio de dor

Novamente

Como um demente o Cupido

No coração semeia flor

Reguei podei

Com muito amor e carinho

Eu retirei

Cada um dos seus espinhos

Porém no fim ficou assim

Com outra ele se foi de mim

Mais uma vez eu estou só

Acho que é mesmo a sina

Do meu coração de menina

Ser terra de plantar jiló.//

Música 1836, R.Bozza.

A vida e o amor, Nº 1839

A vida e o amor

Joguei

Mais uma vez investi

Numa sequência de amor

Sem medo de arriscar

Joguei

Mas dessa vez eu perdi

E como bom jogador

Não me furtei a pagar

Joguei

 Já sorri já venci

Eu já fui dono do amor

Com a sorte a me acompanhar

Joguei

E chorei E sofri

Ali provei desamor

Era a vez do azar

Entre ventura e dor

Levo a vida a arriscar

De fato bom jogador

Eu sei perder e ganhar

Como essa vida é um show

E o amor é um jogo

No palco estou de novo

Sem qualquer temor a jogar.//

Música 1839, R.Bozza.

Minha culpa, Nº 1842

Minha culpa

No silêncio do quarto

No vazio da cama

Na parede o retrato

Com o sorriso de Ana

Por ela meu peito

Meu sexo reclamam

Consumido em desejo

Em tristeza e solidão

O culpado fui eu mesmo

Da nossa separação

Tolo

Boêmio seresteiro

Louco amante da Lua

Troquei

Os deveres de casa

Pelos prazeres da rua

Hoje

O que não tem remédio

Remediado está

Hoje

Pro que não tem mais jeito

Tudo o que resta é chorar.//

Música 1842, R.Bozza.

Indecisão, Nº 1849

Indecisão

Tenho uma hora e meia

Pra me decidir

Se fico ou vou embora

Pra longe daqui

Eu que não bebo bebi

Vinho cerveja cachaça

Eu que não fumo fumei

Me intoxiquei com a fumaça

Eu que não choro chorei

Por uma dor que não passa

O relógio da estação

Soa o apito do trem

Espera meu coração

Pelo amor que não vem

Mais um minuto e meio

Pra me decidir

Se fico ou vou embora

Pra longe daqui.//

Música 1849, R.Bozza.

Eu e Rosa, Nº 1858

Moça

Quem não te conhece

Pensa

Que vai ter motivo

Para zombar morrer de rir

Que deste salto alto

Ao primeiro gingado

Na certa você vai cair

Acabou a batucada

A roda de samba abriu e fechou

Porém ninguém deu risada

A Rosa com graça todos encantou

Lá se foi a madrugada

E lá se foi o meu amor

O dia raiando o Sol clareando

Num canto da quadra

Eu sonho com Rosa

O sono chegou.//

Música 1858, R.Bozza.

Rosa, Nº 1860

Rosa

Lá vem ela

De saia rodada no seu balanceio

Igual uma roseira em flor

Lá vem ela

Entrando na quadra soltinha faceira

O samba mal começou

E o vento da saia de Rosa

Já vem levantando a poeira

Que estava assentada no chão

Do alto do seu salto alto

Fazendo o maior estrago

No pobre do meu coração

Lá vai ela

A roda da saia

A roda de samba

O manto da noite

Abriu e fechou

Lá vai ela

Foi-se a madrugada

Sozinho na quadra

Eu sonho com Rosa

Perdido de amor.//

Música 1860, R.Bozza.

O que tem na boca, Nº 1863

O que tem na boca

O malandro entrou em cana

Tá levando uma dura

Do Delerusca

Que coisa louca

Pra contar o que é que tem

Dentro da boca

Malandro o que é que tem na boca

Dente seu Delegado

Tem dente

Malandro o que é que tem na boca

Língua seu Delegado

Tem língua

Malandro o que tem na boca

Tem língua tem dente

Pra morder e falar mal

Da vida da gente

Seu Delegado

O senhor me respeite

Eu sou malandro

Não sou alcagoete.//

Música 1863, R.Bozza.

Melhor a guerra, Nº 1867

Melhor a Guerra

De tanto brigar com Rosa

De maneira pavorosa

Num adeus que eu não quis dar

Quase de enlouquecer

A vontade de chorar

A vontade de morrer

Já tentei

Os braços de nova mulher

Fracassei

Outra meu coração não quer

Eu vou correr atrás dela

E confessar que sem ela

É demais o meu sofrer

Tá difícil de viver

De tanto que penso nela

Não tem outra solução

É melhor briga com ela

Do que paz na solidão.//

Música 1867, R.Bozza.

Tudo é motivo, Nº 1871

Tudo é motivo

Sem nem sequer um adeus

Por que

Por que meu bom Deus

Aqui tão só me deixou

Sem nem sequer um adeus

Por que

Por que meu bom Deus

Ela me abandonou

Depois que foi embora

Tudo é motivo agora

Para lembrar esse amor

O cantar de um passarinho

As rosas no roseiral

Uma brisa de mansinho

O estertor de um carnaval

A embriaguez do vinho

Em uma canção qualquer

Algum gesto de carinho

Ou num vulto de mulher

Depois que foi embora

Tudo é motivo agora

Para chorar minha dor.//

Música 1871, R.Bozza.

Engano, Nº 1884

Engano

Não pensar mais em você

Eu pensei que fosse fácil

Por alguém no seu lugar

Mas não posso esquecer

Os anéis dos seus cabelos

O seu rosto seu olhar

A prata do seu sorriso

O cristalino da voz

O seu jeito atrevido

Tudo que houve entre nós

Os abraços e beijos

Verdadeiros de quem ama

A febre dos desejos

Os desvarios na cama

Nossas batalhas embaixo dos lençóis

Por isso literalmente

Confesso que realmente

Não dá pra esquecer o que houve entre nós.//

Música 1884, R.Bozza.

Eu vi, Nº 1908

Eu vi

Eu vi o samba nascer no morro

Vovó dançava eu era criança

Eu vi o samba enaltecendo

Enchendo o povo de esperança

Gemer cuíca cantar pandeiro

Cavaquinho e violão

Conquistando o corpo

A alma e o coração

Depois que pena

Eu vi o samba descer o morro

Espalhar pela cidade

Foi só tristeza

Virando luxo virando grana

Transformado em falsa arte

Ligeiro o tempo vai escoando

Do velho samba da gente bamba

No coração bate a saudade

A minha vida se acabando

Não sai da mente essa lembrança

Daquela doce felicidade.//

Música 1908, R.Bozza.

Urgência, Nº 1916

Urgência

Pensando na minha vida

Pesando prós e contras

Lá no final das contas

Eu cheguei à conclusão

O saldo é devedor

Preciso urgentemente

Reverter a situação

Quanta esperança perdida

Em acertos desacertos

Entre enganos desenganos

Nas coisas do coração

Tá sobrando desamor

Preciso urgentemente

Reverter a situação

Pra ficar com Maria

É parar com a orgia

Esquecer os prazeres da rua

Esquecer os encantos da lua

Nas minhas noites de sexta

Nem pensar mais na seresta

Eu não sei o que fazer

É cruel o meu dilema

Eu preciso escolher

A boemia ou ela.//

Música 1916, R.Bozza.

Ex amor, Nº 1927

Ex-Amor

Ex-amor, ex-amor, ex-amor

Uma palavra

 fácil de pronunciar

Mas tão difícil

De aceitar

Moramos na mesma rua

Mesma calçada

Em casas coladas

Minha janela

Dá pra sua

E quando

A gente se cruza

Eu lembro

Das doces juras

Meu peito

Se enche de dor

Do nosso carinho

Da nossa ternura

Tudo que restou

Uma palavra doída

Sofrida

Ex-amor, ex-amor, ex-amor.//

Música 1927, R.Bozza.

                                      

Quem é esse homem, Nº 1933

Quem é Esse homem

Quem é esse homem

Que entrou em minha vida

As vezes

Me olha igual Santa

As vezes

Como se eu fosse perdida

Quem é ele

Que ainda admira a Lua

Será um anjo do céu

Ou só um gigolô de rua

Quem é esse homem

Que faz meu coração vibrar

Qual é seu mistério

Ventura ou desgraça trará

Que me deixa atordoada

Que me enche de maldade

Pra quebrar as lei dos homens

Pra ferir as leis de Deus

Quem é esse homem

Que me faz sentir vontade

De esquecer que sou casada

E cair nos braços seus.//

Música 1933, R.Bozza

Amor e carnaval, Nº 1950

Amor e Carnaval

O Carnaval chegou

Já vai começar

O jogo do amor

Três dias de folia

Livre só isso

Sem compromisso

Brincar

Em tudo que é praça

Beber

De todas as marcas

Brindar

Com champanhe nas taças

Amar

Sem ver credo ou raça

Neste Carnaval

Eu vou dar

Cartão amarelo pra saudade

Cartão vermelho pra tristeza

Vou deitar e rolar golear

Com samba mulher e cerveja.//

Música 1950, R.Bozza