O mundo é assim, Nº 11541

O mundo é assim

Pobre menino

Depois da briga à vera

Resolveu sair de casa

Armou seu circo

Fez da vida uma peça

De teatro trama falsa

Faltou juízo

Travestido de poeta

Deu uma de cabra macho

Tolo iludido

Que a mulher era princesa

Ele o príncipe encantado

Quando acordou

Já era tarde

O tiro saiu

Pela culatra

Ela ficou com tudo

Até sua metade

Hoje com outro

Numa cama acolchoada

Ele sem outra

Em esteira num barraco

O mundo é mesmo assim

Ela no bairro da rainha

Ele no morro sozinho

Na favela do Amorim.//

Música 11541, R.Bozza

Nada é impossível, Nº 11708

Nada é impossível

Sonhando em poesia

De doce ilusão

Usando a fantasia

Um verso uma canção

Voando no poder

Da imaginação

Quem sabe algum dia

Driblando a razão

Em uma nova vida

Talvez noutra dimensão

Às vezes basta se crer 

Na força de uma oração

Como nada é impossível

Tudo pode o coração

Mesmo não sendo provável

Se tirar o pé do chão

Voltaremos a ser

Garotinha e paizão.//

Música 11.708, R.Bozza.

Insano, Nº 11542

Insano

Lá vem o meu coração

De novo

Explodindo no peito

Nervoso

Refém da mesma aflição

De ontem

Dominado de um jeito

Insano

Por causa de certa

Pequena

Longos cabelos negros

Trançados

Olhos amendoados

Tão meigos

Pele acetinada

Morena

Beijo de lábios molhados

Melados

E no sorriso esteiras

De estrelas

Lá vem meu coração

De novo

Refém da mesma aflição

Insano.//

Música 11.542, R.Bozza.

Vera, Nº 11543

Vera

Interessado por Vera

Acreditando que ela

Ainda era donzela

Fiz uma canção singela

Sonhando um programa a dois

Ela e eu eu e ela

Mãos dadas beira da praia

Olhando um céu de estrelas

Foi grande minha desilusão

Educadamente falou não

Impressionado com Vera

E já sabendo que ela

Mulher vivida já era

Fiz uma canção mais séria

Sondando pra um programa a três

Ela eu e Daniela

Na cama redonda de um hotel

Sem tabu e sem fronteira

Emoção maior nunca vivi

Excitadamente deu o sim.//

Música 11.543, R.Bozza.

Eu não, Nº 11544

Eu não

Ele era casado

Eu não

De papel passado

Eu não

Ele era devasso

Eu não

No amor diplomado

Eu não

O impossível eu fiz

Pra evitar esse drama

Dúzias de vezes fugi

Do enredo dessa trama

Enquanto pude corri

No entanto quem corre cansa

Cansada não resisti

E fui com ele pra cama

Foi bom foi muito bom deu bis

Deu bis de não querer parar

Noites ardentes de paixão 

De corpo alma e coração

Mas eu sabia que no fim

Meu erro iria pagar

Nas garras da desilusão

Com amargura e solidão.//

Música 11.544, R.Bozza.

Noite de pecado, Nº 11545

Noite de pecado

Domingo de carnaval

Tarde de sol

Com o rosto encapuzado

Numa fantasia original

Fui encontrar

Com a nova namorada

No caminho uma cilada

O destino preparava

A mais linda mascarada

Olhei pra ela olhou pra mim

Sorri chiclete sorriu marfim

Ardeu meu corpo em frenesi

Beijo melado

Com tudo que tinha direito

Mais doce que o doce mel

Beijo molhado

Como nunca houvera feito

Na suíte do hotel

Fim da noite de pecado

Sem a face mascarada

Sem surpresa sem disfarce

O que nos aconteceu

Eu sabia que era ela

Ela sabia que era eu.//

Música 11545, R.Bozza.

Tudo mudou, Nº 11546

Tudo mudou

Que drama o ano que passou

Que carnaval tristonho

Briguei com meu amor

Que carnaval medonho

Por cupido abandonado

Solitário sem destino

Preso às garras afiadas

Da quarta feira de cinzas

O tempo é veneno

Quando carrega um grande amor

O tempo é remédio

Quando nos livra dessa dor

Esse ano tudo mudou

Lembrou de mim o deus menino

Que coisa boa

Os quatro dias de folia

Eu e ela abraçados

Numa paixão sem compromisso

Entre os braços delicados

Dessa quarta feira de cinzas.//

Música 11.546, R.Bozza.

Mais um fracasso, Nº 11547

Mais um fracasso

Começava o carnaval

Com a face mascarada

Uma surpresa sem igual

Para minha namorada

 Passei

Nessa noite enluarada

Bem em frente a casa dela

Gelei

A surpresa foi macabra

Minha doce Gabriela

Eu vi

Com um outro mascarado

Entre beijos na janela

Acabava o carnaval

Pra esse tolo apaixonado

De um lindo sonho o final

No amor mais um fracasso.//

Música 11547, R.Bozza.  

E fato, Nº 11548

É fato

Amor e paixão

Paixão e amor

São dois fortes sentimentos

Paixão e amor

Amor e paixão

Vão e vem com o tempo

Nascem crescem e morrem

Nas profundezas do peito

Está comprovado 

Paixão sem amor

Resiste

A gente pode aproveitar

Porém ao contrário

Amor sem paixão

Não vive

A gente sufoca sem ar

Paixão sem amor

A gente sofre a gente chora

Mas é real

Ardentemente se curte

Amor sem paixão

A gente chora a gente sofre

E desse mal

Entre espinhos sucumbe.//

Música 11.548, R.Bozza.

Mulher e donzela, Nº 11706

Mulher e donzela

A irmã da princesinha

É tão linda quanto ela

Olhos iguais azuizinhos

Só que não é mais donzela

Mimosa de alma

Formosa de rosto

Dengosa na fala

Gostosa de corpo

Rolassem pra trás as águas

Cinqüenta anos atrás

Pros bons tempos de rapaz

Falava de amor pras duas

Mulher em dia ímpar

Donzela em dia par

Como não sou mais menino

No tempo feroz a rodar

Vou cumprindo meu destino

Pelo ocaso a caminhar

Por já não ter mais ilusão

Fica tudo em fantasia

Tudo fica em poesia

Nas asas da imaginação.//

Música 11.706, R.Bozza.

Desunião, Nº 11549

Desunião

O tempo

Dobrou meu rosto

Qual pergaminho

O tempo

Deixou meu corpo

Em desalinho

Depois de meditar

Do quanto esse guerreiro

Rodou

Dentro e fora de mim

Depois de matutar

No que não tem mais jeito

Ficou

A sensação que perdi

Depois de analisar

O nosso sentimento

De dois mais dois somar

Cheguei à conclusão

Falta paixão no amor

Falta amor na paixão

Se tudo está perdido

Na nossa desunião

Se dois mais dois é cinco

Eu quero a separação.//

Música 11549, R.Bozza.

Faz parte, Nº 11550

Faz parte

Se eu tivesse prata no bolso

Se eu tivesse ouro no banco

Claro teria olhos atentos

Aos meus princípios aos meus conselhos

Seria amado e procurado

Quem sabe até idolatrado

Como só tenho algum no bolso

Como não tenho nenhum no banco

Se sou apenas um pobre velho

O que eu digo aos meus conselhos

Ninguém se importa ninguém escuta

Assim me faço de surdo mudo

Faz parte do jogo

Do show desse mundo

De dolo de vícios

Por fora eu choro

Por dentro não mudo

Com o fel da desdita

Não perde a esperança minha alma criança

Não ando sozinho

O mal não me alcança pois tenho uma santa

A guiar meu caminho

Não importa mazelas não importa conflitos

Estando com ela enfrento perigos

Sem medo da lida sem medo da sorte

Sem medo da vida sem medo da morte.//

Música 11.550, R.Bozza.

Assim é a vida, Nº 11551

Assim é a vida

Todo dia com certeza

A vida é mãe madrasta

Ampara passa rasteira

Acarinha dá pancada

Às vezes mais sorrateira

Com baldes de água gelada

Traidora e sincera

Morde assopra igual barata

Sonhos e planos nos traz

Planos e sonhos desfaz

O corpo sofre

A alma chora

Tudo que trouxe

Leva embora

A vida bate castiga

Porém afaga ensina

Sensível ela agrada

Também sem dó nos maltrata

Todo dia amanhece

Com uma lição diferente

E no entanto a gente

Tão pouco coisa aprende.//

Música 11551, R.Bozza.

Eu e o amor, Nº 11552

Eu e o amor

Eu conheci o amor

Há muito tempo atrás

Pouco mais que um menino

Nos meus tempos de rapaz

Um amor de olhos verdes

Igual às ondas do mar

Cabelos sedosos negros

Como a noite sem luar

O que tinha de inocente

No rosto angelical

Também tinha de indecente

No corpo escultural

 Depois perdi esse amor

Por nada entender dessa flor

De tolo não lhe dei valor

Hoje que a vida me ensinou

Tudo do seu cheiro e sabor

Que falta me faz essa dor.//

Música 11.552, R.Bozza.

O drama de Sônia, Nº 11553

O drama de Sonia

Sonia

No alvorecer da vida

Sonha

Com a magia do cupido

Sonia canta

Brincando com o negro da trança

Ela sonha

Ligeiro não ser mais criança

O sonho de Sonia

Se realizou

Mas foi a história

De um falso amor

Pobre Sonia

No entardecer da vida

Já não sonha

Com a magia do cupido

Sonia chora

Cismando com o branco da trança

Ela sabe

Não voltará a ser criança.//

Música 11.553, R.Bozza.

O mal, Nº 11554, R.Bozza.

O mal

Do lado de dentro

Do velho casebre

De palha o teto

De porta sem trinco

A velha franzina

Barriga vazia

A mesa sem nada

Em desalento

Ajoelhada

Nesse momento

Com fé rezava

Por alimento

Do lado de fora

Do frágil barraco

Um louco armado

De foice de faca

A velha espionava

O mal planejava 

No céu a lua de prata

A tudo testemunhava

A presa o algoz

O ataque feroz

Da carne cortada

O sangue jorrava

No céu a lua de prata

Deixou em sombras a estrada

A velha faminta

De boca vermelha

Enfim saciada

Rindo agradecia

Em preces em rezas

Ao poderoso Diabo

A refeição que mandara.//

Música 11.554, R.Bozza.