O menino
Na escura viela, na suja lixeira
A Lua tão bela, quase por inteira
Vinte e cinco de Dezembro, a hora não lembro
Pra uns chegava o natal, pra outros data fatal
Meio branco meio negro
Embrulhado em jornal
Entregue à própria sorte, já a caminho da morte
Cedo ou tarde ela vem
Por ordem ou não do Divino, o caprichoso Destino
Chegou com as mãos de alguém
Cresceu sozinho, a viver pelas ruas
Comeu do lixo, culpa minha e sua
Criança-bicho, por testemunha a Lua
Vinte e cinco de Dezembro, a hora não lembro
Na noite da Lapa, na ponta da faca
Fundiu a cachola, no cheiro da cola
Faltou a esmola, por uma carteira
Cumpriu o seu fado, morreu sufocado
Na mesma lixeira.//
Música 6005, R.Bozza / R.F.Bozza.